domingo, 31 de agosto de 2008

Reportagem sobre a Educação no Brasil

Discutimos um pouco em nossa aula de quinta passada a respeito da reportagem da Veja sobre a Educação pública brasileira. O que você acha da reportagem? Concorda? Deixe seu comentário. Segue a reportagem. Desculpem qualquer falha, como alguns já sabem estou aprendendo a lidar com esse suporte.
Você sabe o que estão ensinando a ele?

Uma pesquisa mostra que para os brasileiros tudo vai bem nas escolas. Mas a realidade é bem menos rósea: o sistema é medíocre
Monica Weinberg e Camila Pereira

VEJA TAMBÉM
Nesta reportagem• Quadro: Para eles, a Finlândia é aqui
Nesta edição• Prontos para o século XIX
Exclusivo on-line• Mais dados da pesquisa: Literatura e internet

Vamos falar sem rodeios. Em boa parte dos lares brasileiros, uma conversa em família flui com muito mais vigor e participação quando se decide a assinatura de novos canais a cabo, o destino das próximas férias ou a hora de trocar de carro do que quando se discute sobre o que exatamente o Júnior está aprendendo na escola. Quando e se esse assunto é levantado, ele se resumirá às notas obtidas e a algum evento extraordinário de mau comportamento, como ter sido pego fumando no corredor ou ter beliscado o traseiro da professora de geografia. O quadro acima é um tanto anedótico, mas tem muito de verdadeiro. De modo geral, com as nobilíssimas exceções que todos conhecemos, os pais brasileiros de todas as classes não se envolvem como deveriam na vida escolar dos filhos. Os mais pobres dão graças aos céus pelo fato de a escola fornecer merenda, segurança e livros didáticos gratuitos. Os pais de classe média se animam com as quadras esportivas, a limpeza e a manifesta tolerância dos filhos quanto às exigências acadêmicas muitas vezes calibradas justamente para não forçar o ritmo dos menos capazes. Uma pesquisa encomendada por VEJA à CNT/Sensus traduz essa situação em números. Para 89% dos pais com filhos em escolas particulares, o dinheiro é bem gasto e tem bom retorno. No outro campo, 90% dos professores se consideram bem preparados para a tarefa de ensinar. Como mostra a Carta ao Leitor desta edição, sob sua plácida superfície essa satisfação esconde o abismo da dura realidade – o ensino no Brasil é péssimo, está formando alunos despreparados para o mundo atual, competitivo, mutante e globalizado. Em comparações internacionais, os melhores alunos brasileiros ficam nas últimas colocações – abaixo da qüinquagésima posição em competições com apenas 57 países.
Foto Pedro Rubens
O que somos e como nos vemosO ensino brasileiro vai mal, mas pais, alunos e professores lhe atribuem nível altíssimo, como o da Finlândia
A reportagem que se vai ler pretende chamar atenção para as raízes dessa cegueira e contribuir para que pais, professores, educadores e autoridades acordem para a dura realidade cuja reversão vai exigir mais do que todos estão fazendo atualmente – mesmo os que, como é o caso em especial dos pais, acreditam estar cumprindo exemplarmente sua função. Em Procura da Poesia, o grande Carlos Drummond de Andrade provê uma metáfora eficiente do que o desafio de melhorar a qualidade da educação exigirá da atual geração de brasileiros: "O que pensas e sentes, isso ainda não é poe-sia". Uniformizar, alimentar, dar livros didáticos aos jovens e perguntar como foi o dia na escola é fundamental, mas isso ainda não é educação para o século XXI. "Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave?", continua nosso maior poeta, morto em 1987. Outra metáfora exata. Os jovens estudantes são como as palavras, com mil faces secretas sob a face neutra e esperando as chaves que lhes abram os portais de uma vida pessoal e profissional plena.
Isso só se conseguirá, como mostra a pesquisa encomendada por VEJA, quando o otimismo com o desempenho do sistema, que é também compartilhado pelos alunos, for transformado em radical inconformismo. A fagulha de mudança pode ser acendida com a constatação de que as escolas que pais, alunos e professores tanto elogiam são as mesmas que devolvem à sociedade jovens incapazes de ler e entender um texto, que se embaralham com as ordens de grandeza e confiam cegamente em suas calculadoras digitais para não apenas fazer contas mas substituir o pensamento lógico. Mais uma vez abusa-se do recurso da generalização para que o mérito individual de alguns poucos não dilua a constatação de que o complexo educacional brasileiro é medíocre e não se enxerga como tal. Quando um conselho de notáveis americanos fez a célebre condenação do sistema de ensino do país ("parece ter sido concebido pelo pior inimigo dos Estados Unidos..."), as pesquisas de opinião mostravam que a maioria dos americanos estava plenamente satisfeita com suas escolas. A comissão viu mais longe e soou o alarme. Agora no Brasil o mesmo senso de realidade e urgência se faz necessário, como resume Claudio de Moura Castro, ensaísta, pesquisador e colunista de VEJA: "Uma crise, uma crise profunda. Só isso salva nossa educação".

Estamos aprendendo muito...

O Curso Alfabetização e Linguagem tem sido muito proveitoso na Dre de São Sebastião. É muito bom ouvir dos cursistas os relatos de suas práticas embasadas em nossas aulas. Tenho aprendido a cada dia com todos. Logo no início do segundo semestre fiz uma avaliação do Curso e perguntei em que esse trabalho estava contribuindo na prática em sala de aula. Fiquei muito feliz ao ouvir discursos como: "estou vendo os textos dos alunos com outros olhos" ou "estou mais flexível na forma de corrigir meus alunos". Discutimos o quanto é importante estarmos sempre revisitando nossa atuação enquanto professores e que para isso se torna muito importante a formação continuada. É uma pena que as turmas não estão com todas as vagas preenchidas. Apesar disso, acredito no trabalho multiplicador de cada um dentro das escolas, principalmente para romper o paradigma instalado de que só professores de Lígua Potuguesa devem se preocupar com o ensino do Português Padrão. Agradeço a todos os meus cursistas pela grande oportunidade de aprendizagem que está sendo dada a mim e a todos os frequentadores do curso. Percebo que muitos dos objetivos do curso já foram alcançados e sei que nossas aulas não serão mais as mesmas depois desse curso. A cada semana temos algo novo a discutir e aprender, e com isso levar ao nosso maior alvo, o aluno.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Olha eu aqui de novo

Desculpem por não ter postado mais, é que estou com um probleminha com a internet em casa. Já tenho alguns textos salvos e em breve serão publicados.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Como ver o texto do aluno com olhar de professor-pesquisador

Clotilde S. Belo Mazochi


“ O professor que não tem preparo para entender o fenômeno da mudança lingüística com a mesma naturalidade que entende o fenômeno da evaporação ou da condensação da água é presa fácil de uma teorização preconceituosa dos fatos de língua.”
(Miriam Lemle)


Na análise do texto da criança é importante que não se contemple apenas os aspectos ortográficos, mas também de textualidade, uma vez que conforme a finalidade do texto, poderão ser permitidos usos de formas variadas.

Tomemos como exemplo o texto publicitário. No slogan da Caixa Econômica Federal : “Vem pra Caixa você também, vem,” o uso do imperativo está em desacordo com a Gramática Normativa. Conforme a Gramática deveria ser “venha”. No entanto, nesse caso é aceitável porque se trata de uma propaganda que tem como intuito chamar a atenção do leitor e cliente, não é porque o agente publicitário desconhece a forma padrão. Assim acontece com o “Faz um 21”, o qual a forma correta seria “faça”, e assim também ocorre em diversas músicas e textos literários.

Dentro da concepção de letramento, é fundamental que sejam bem exploradas as finalidades de cada texto com os alunos. E é também importante lembrar que a revisão e a reescrita do texto fazem parte da produção textual. Pois nem nós temos um texto acabado logo na primeira versão. É de extrema importância que o professor tenha isso em mente, pois muitas vezes o aluno tem seu texto como acabado e corrigido (e às vezes até avaliado com uma nota), sem ao menos ter tido a chance de revisá-lo e reescrevê-lo.

“A produção de um texto escrito envolve problemas específicos de estruturação do discurso, de coesão, de argumentação, de organização das idéias e escolha das palavras, do objetivo e do destinatário do texto, etc. Por exemplo, escrever um bilhete é diferente de escrever uma carta, uma notícia, uma propaganda, um relato de uma viagem, uma confissão de amor, uma declaração perante um tribunal, uma piada, etc. Cada texto tem sua função, e todas essas formas precisam ser trabalhadas na escola” (Cagliari, Alfabetização e Lingüística, p.122). Tendo isso em vista, o comando e as orientações dadas pelo professor, para produção de texto, devem ser bem claras ao aluno.

É importante que, antes de qualquer correção no texto da criança, seja observado o contexto da produção textual, que tipo de texto é, qual a finalidade e quem vai lê-lo. E também por esse motivo “não podemos classificar um texto de certo ou errado da mesma maneira que podemos avaliar uma conta de matemática ou a ortografia de uma palavra como certas ou erradas. Há sempre a interferência do sujeito da linguagem, do autor, na construção da textualidade.” (Coroa, Alfabetização e Linguagem – fascículo 7).

Partindo desses princípios, nesta oficina analisaremos dentro de algumas produções, alguns “erros” de estruturação e outros de ortografia elencados por Cagliari em suas obras “Alfabetização e Lingüística” e “Alfabetização sem Bá-bé-bi-bó-bu”. Apesar de o autor utilizar o termo “erro” em suas obras, prefiro chamar de hipóteses, pois é construindo e desconstruindo suas hipóteses, que a criança atinge sua competência lingüística. O “erro” nada mais é que uma parte do processo de aprendizagem. Com isso ele assume um papel fundamental na produção textual.

Hipóteses na estruturação dos textos escritos

1. Variação Lingüística – Ex: pobrema, barrer, arriba
2. Uso de pronomes – Ex: Eu vi ele
3. Sintaxe
4. Repetição
5. Frases soltas – coerência;
6. Coesão;
7.Caligrafia

Hipóteses ortográficas

1. Transcrição fonética – escreve como fala
2. Uso indevido de letras – xata/chata; dici/disse
3. Hipercorreção – jogol/jogou
4. Modificação da estrutura segmental das palavras
a- troca de letras: voi/foi; bida/vida; save/sabe; anigo/amigo
b- supressão e acréscimo de letras: macao/macaco; sosato/susto
5. Juntura intervocabular e segmentação
Ex.: “eucazeicoéla” (eu casei com ela)
“Jalicotei” (já lhe contei)
6. Forma morfológica diferente ou Dialetalidade
Ex.: adepois (depois)
Ni um (em um ou num)
7. Forma estranha de traçar as letras
8. Uso indevido de letras maiúsculas ou minúsculas
9. Acentos gráficos
10. Sinais de pontuação
11. Problemas sintáticos
Ex.: “era uma vez um gato que um dia ele saiu de casa”

Dessa maneira, nosso olhar diante do texto do aluno tem que ser sensível a suas hipóteses e a partir delas fazermos uma intervenção adequada a cada uma ou até mesmo a cada aluno(a), se for o caso. Sendo assim, não é justo atribuir uma nota ou reprovar a criança porque apresentou “erros” ortográficos os quais qualquer adulto escolarizado pode cometer, até porque nossa língua é arbitrária em muitos aspectos e um deles é a Ortografia. É comum só observar os “erros” e dar evidência a eles, e assim desmotivar o aluno sem apresentá-lo suas qualidades enquanto escritor. “Os acertos em geral não são levados em conta, são admitidos como absolutamente previsíveis... agora, os erros pesam toneladas nas avaliações...”(Cagliari:146)





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. São Paulo, Scipione.
__________________Alfabetização sem bá-bé-bi-bó-bu.São Paulo, Scipione.
COROA, Maria Luiza Monteiro Sales. Leitura, Interpretação e produção de textos no 3º e 4º ciclos. Brasília: CFORM, UnB, 2008. (Coleção Alfabetização e Linguagem, 2)
LEMLE, Miriam. Guia teórico do alfabetizador. São Paulo, Ática, 1993.
PEREIRA, Ana Dilma de Almeida. O tratamento do “erro” nas produções textuais: a revisão e a reescritura como parte do processo de avaliação formativa. Revista ACOALFAplp: Acolhendo a Alfabetização nos países de Língua Portuguesa. São Paulo, ano 2, n.3, 2007. Disponível em e ou <
http://www.acoalfaplp.org>. Publicado em: setembro 2007.
PRÓ-LETRAMENTO, Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: Alfabetização e Linguagem. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.

Comentário sobre a origem desse texto


Esse material já é fruto do Curso, pois foi elaborado para uma Oficina de Análise Linguística (a convite da coordenadora Hélia Cristina) dentro de um evento chamado Oficina de Produção de Texto, feito na DRE de São Sebastião, para professores de 3 e 4 série, no dia 3/7/2008. Uma das cursistas, professora Maria Arlete, de 3 série, ministrou uma oficina de refacção textual. Em seus relatos nos encontros ela sempre cita sua prática com seus alunos e vejo o quanto se dedica a produção dos alunos, incentivando, dando suporte e fazendo o que tanto lemos dentro da teoria do letramento. Então, como fui convidada a realizar uma Oficina, também a convidei para participar do evento fazendo outra, uma vez que estava precisando de mais uma. No total foram quatro: Análise Lingüística - Prof. Clotilde; Refacção textual -Prof. Maria Arlete; Tempestade de idéias -Prof. Marcelo e Coesão e Coerência Textual - Prof. Hélia Cristina (coordenadora de 3 e 4 série da DRE de São Sebastião).

Os professores gostaram muito. Percebi na minha Oficina, que muitos desconhecem certas teorias e reforcei a importância da formação continuada, (estou até um pouco chata nisso, não sei como o pessoal tem me tolerado). Mas vi algo bastante positivo, eles estavam abertos à questão do Letramento e da Variação Lingüística. Percebi naquele grupo de professores uma sede por trabalhos nesse enfoque, pois eles mesmos dizem que quase não são oferecidos cursos para 3 e 4 série. Tenho de fato reparado isso e vejo como uma grande falha, pois há um investimento na formação continuada de professores de 1 e 2 séries e mudanças no que tange a série ou ciclo, ou seja, na metodologia, e quando se chega nas séries seguintes, o professor não faz idéia de como vai continuar esse trabalho, aliás, muitas vezes ele nem sabe como foi o trabalho realizado nas séries anteriores. Quando se fala em séries finais, aí é que a coisa se complica mesmo, pois a mudança vai desde a metodologia até o processo de avaliação, que nas séries iniciais deve ser qualitativo (relatórios descritivos) e nas finais é basicamente quantitativo.

Em virtude disso, vê-se a importância do diálogo entre as etapas de ensino, e que esse diálogo se estenda à elaboração dos cursos de formação continuada e ao próprio sistema avaliativo, pois se há uma quebra brusca entre as séries iniciais - e me permito dizer que há até dentro das iniciais - é porque o próprio sistema de ensino permite isso. É importante que tenhamos consciência de como nosso aluno passou pelas séries iniciais. Nas minhas turmas tem sido muito bem explorada essa questão, pois felizmente o curso foi ampliado para professores de 3 e 4 série, o que só serviu para somar e enriquecer nossos encontros. Muitos professores, ou arrisco dizer, nenhum de séries finais, sabia que a avaliação das séries iniciais é feita mediante um relatório descritivo. São esclarecimentos como esse que estã tornando o Curso cada vez mais eficiente e produtivo, uma vez que de nada adianta termos um trabalho de Letramento excelente e ótimos cursos como Profa, Bia, Vira-Basília, se não envolvermos os professoes de 3 e 4 série, e por conseguinte, é claro, os de séries finais.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Poema de Brasília

Brasília é uma cidade repleta de modernidade
Possui arquitetura perfeita
Mas ainda tem muita desigualdade.

Ela tem paisagem em suas ruas
Em seus viadutos crianças nuas

É palco de corrupção
Mas é de todo país essa contaminação
Por isso não digam que aqui só tem ladrão
Tem gente honesta que trabalha duro pelo pão

Brasília, cidade do sonho de Dom Bosco e Juscelino
Cidade da contradição, onde concentra o poder da nação
E famílias na batalha para fazerem parte do avião

Cidade linda, de miscigenação e mistura cultural
A qual é sua maior beleza
Pessoas de todo o Brasil vieram construir a capital
e seus sonhos com certeza

Então a cidade ficou pronta e foi inaugurada
Mas e os sonhos dos candangos?
Ainda estão nos projetos da empreitada?

Uma coisa é certa: encontraram esperança
Pois as satélites lutam por sua órbita
Pelo saneamento, cultura e lazer
E continuam em busca dessa missão insólita

A riqueza arquitetônica de Brasília é fantástica
Porém a sua gente se sobressai a essa beleza
Porque além de conseguir concretizar os projetos do grande Niemayer
Continua sonhando e lutando por um lar sem pobreza

O brasiliense das satélites sofre com a falta de saneamento, cultura e lazer
Mas algo eles têm de sobra: riqueza de dignidade e vontade de vencer

Clotilde Mazochi– 2007

sábado, 5 de julho de 2008

Curso Alfabetização e Linguagem

Em primeiro lugar acho importante falar de como cheguei aqui. Estava em sala de aula com turmas de 7ª e 8ª série e me convidaram para ministrar o curso de Alfabetização e Linguagem, para professores de séries finais. Fiquei em dúvida por um tempo, mas quando vi o material do curso me senti mais segura, uma vez que estudei com a professora Vilma, Maria Luíza e Marta Sherre (a qual comunga da mesma teoria do material feito por Bagno). Então resolvi aceitar a proposta, vi como uma grande oportunidade profissional e também pessoal, pois tenho procurado realmente enxergar os acontecimentos como uma oportunidade, oportunidade de mudança, reflexão, reconstrução e aprendizagem.

Hoje estou como tutora de duas turmas mistas, há professores de séries finais e de séries iniciais (3ª e 4ª série). Essa abertura para as séries finais foi muito bem vinda, pois o diálogo das duas etapas é fundamnetal, uma vez que muitas vezes essa oportunidade não é dada.

Logo no primero encontro fizemos a dinâmica dos marcos profissionais. Foi maravilhoso ouvir o relato dos professores. Cada um trouxe um discurso emocionado, principalmente quando falavam da fase da alfabetização. Alguns com memórias tristes e certos traumas de infância, infelizmente causados pelos seus professores, outros com memórias saudosas e felizes.
Saí desse primeiro encontro muito satisfeita e com a certeza de que tinha muito a aprender com aqueles pofissionais, pois senti que seria uma troca riquíssima.

No segundo encontro falamos sobre quem é o professor de Língua Portuguesa. Durante a discussão tocamos num ponto que achei bastante pertinente e que seviu de ótimo exemplo para introduzir um dos objetivos do Curso. Alguns professoes citaram o caso do preenchimento dos relatórios dos alunos de 1 a 4 série, os quais são avaliados por meio de um relatório descritivo. Foi discutido nesse dia a dificuldade de muitos professores no preenchimento desse documento, foi entào que analisamos o papel da escola e até da graduação nesse preparo. Vimos que até mesmo o professor tem dificuldades na escrita e que essas deveriam ser sanadas na escola e muitas vezes não é. O exemplo do relatório foi excelente para mostrar a importância do letramento, e não só da Alfabetização. Ora, o professor estudou muito, foi até aprovado num concurso e quando assume sua profissão apresenta dificuldades em elaborar um relatório descritivo, onde ele deveria ter aprendido isso? - foi a pergunta que fiz ao grupo -infelizmente não foi na escola, pois eu passei por isso quando assumi minha primeira turma de 1 série. Felizmente sempre tive gosto pela escrita e não foi tão difícil, mas via os professores arrancando os cabelos quando a avaliação passou a ser dessa maneira. Ou seja, o ensino da Língua não está ou não estava sendo eficiente, pois diante de um trabalho profissional, muitas vezes não sabemos como agir. Esse caso dos relatórios foi só um exemplo real e bem significativo para entendermos que não basta só ler e escrever, é preciso dialogar com seu texto e ter consciência de sua finalidade. Se o relatório é uma avaliação bimestral do meu aluno, cognitiva e comportamental, preciso ser imparcial e aquele texto deve de fato retratar o desenvolvimento sócio-cognitivo da criança. Tudo isso entra na dimensão do Letramento, que é algo novo para muitos, mas que tenho certeza de que não o será ao final desse curso.

Os professores estão bem motivados e abertos a avaliarem sua prática a cada encontro, sempre trazendo suas angústias...ah, essas sempre sào trazidas à tona, mas sei que é parte do processo da caminhada de um curso de formação continuada e da própria formaçào de um grupo.

No terceiro encontro...