segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Manejando as palavras



Relato da cursista Liliana de São Sebastião


O manejo da palavra na leitura e na escrita
(Lucília Garcez & Margarida Patriota)

O encontro do dia 25 de setembro foi no auditório da Escola Parque 308 sul. As oradoras foram Lucília Garcez, uma mineira criada em Brasília, cidade que abriu os horizontes para o seu trabalho em favor da literatura e da língua portuguesa e é professora de Letras aposentada pela UnB e atualmente consultora na área de Educação - inclusive participa das escolhas dos livros didáticos no MEC - escreveu muitos livros infanto-juvenis e Margarida Patriota, carioca, professora da UnB e autora de ensaios, novelas, contos e livros juvenis. Também tem uma vasta experiência no exterior e apresenta um programa na TV Senado.
O encontro iniciou-se com o escritor João Bosco, consultor Legislativo, escritor e professor de prosa que foi o mediador do encontro. As escritoras falaram de suas vidas e experiências na área da leitura e escrita. A escritora Lucília contou sua experiência na época em que o ensino era “transmitido”, conta que vivenciou a “virada pedagógica”, na qual o texto passa a ser o centro, a escola privilegiando o uso da linguagem. Com a democratização do ensino ingressam nas escolas alunos que apresentam baixos níveis de letramento, vindos de famílias de analfabetos, diferentemente do que acontecia antes da democratização. O primeiro contato com a leitura vem das historinhas contadas pelos pais. Isso quando os pais são alfabetizados. A responsabilidade do professor que recebe esse aluno é respeitar as diferenças, a fala dos alunos, sotaques e desvios padrões, características regionais. Assim, o professor vai coordenar um trabalho onde cada um vai falar de si enriquecendo o conhecimento dos colegas, prevalecendo o respeito e as diferenças, uma “tolerância lingüística”. Lucília comenta também que desenvolveu as habilidades de leitura muito cedo, iniciou com os quadrinhos e romances. Aos 11 anos leu “Polliana”, em sua vida não tinha muito espaço para a TV.
A escritora Margarida Patriota também comentou um pouco a experiência que tem com a leitura, ao todo 28 anos de Mestrado e Doutorado. Faz palestras nas escolas até hoje e dá ênfase que, para escrever bem não é apenas ler bem e sim ler conteúdos relacionados ao interesse específico. O bom leitor tem o vocabulário rico, tem mais referências (cultura), interpretação de vida e até mais preparo para ler uma bula de remédio. Lendo para a platéia um livro- Nas tramas da emoção, a escritora sugeriu uma atividade que seria um concurso de poemas, com o intuito de ensinar à criança a dominar as convenções fonéticas-ortográficas e compreender que o mesmo som tem várias formas de ser registrado
Já a Lucília Garcez comentou que o texto literário tem tudo para o aluno aprender gramática: a língua oferece milhões de regências, estruturas que o aluno não vai ver na aula de gramática, na qual são ensinados 4 ou 5 verbos. Na leitura é possível internalizar esses verbos de foram mais rica, porém para isso vai ser preciso a prática da escrita. A escritora também mencionou o cuidado que se deve ter com a cobrança de fichas de leitura aos alunos, no lugar disso pode-se proporcionar um diálogo entre o leitor e autor do livro, podendo ser pedido uma crítica, confecção de um cartaz, um slogan, escrever uma carta para o autor. Precisa ser utilizado algo que estimule a leitura e não desmotive o leitor.
Ao final do encontro a escritora Lucília deixou uma sugestão para a escolha do livro didático: Verificar a adequação da linguagem, diversidade textual, deve conter sugestões de filmes, chats, livros e tudo o mais.
Para quem foi ao encontro valeu ouvir a experiência dessas escritoras com a leitura e escrita, refletir muito antes de escolher um livro didático ou até mesmo um simples texto e repensar a prática pedagógica, além de despertar a curiosidade na leitura do livro “Nas tramas da emoção”, de Margarida Patriota.

Nenhum comentário: